Para Eric Garner e todas as vítimas do
sistema que nos oprime e mata
Por Luana Aguiar
Em
julho de 2014, Eric Garner foi estrangulado por um policial de Nova Iorque, já
que estava, segundo os oficiais, “resistindo à prisão”. O grande crime de
Garner? Vender cigarros individuais – o que naquela região é considerado ilegal.
Ah, e ser negro. Isso é importante mencionar. Ele sufocou por cerca de 15
segundos enquanto dizia “eu não consigo respirar”. Ele disse isso onze vezes,
mas só o soltaram quando estava inconsciente, morto. Tudo está em vídeo e é
difícil ainda de engolir.
Escrevi
este poema em 2015 durante uma disciplina de criação literária. Hoje, em 2019, presto
novamente minhas homenagens a Eric Garner e todas às vítimas de um sistema
policial homicida e opressor. Este é antes um poema triste do que de
resistência:
O
céu, infinito, claro, azul.
Uma
vida, a existência
de
um homem pobre e negro.
Uns
cigarros, fumos
enrolados,
à venda.
E
os impostos obrigatórios?
Quatro
porcos, ratos
imbecis
– ao redor.
O
oxigênio, símbolo O,
número
atômico 8, massa atômica 16.
A
asfixia, o estrangulamento, pela
gravata,
aperto.
Onze
vezes ouve-se:
“Eu
não consigo respirar”.
A
justiça é surda.
A
morte, o sofrimento,
a
ausência, o óbito, fim.
Na
calçada, finita, dura e quente,
agora
sempre estará.
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