segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Para Eric Garner e todas as vítimas do sistema que nos oprime e mata, de Luana Aguiar

Poesia


Para Eric Garner e todas as vítimas do sistema que nos oprime e mata
Por Luana Aguiar

Em julho de 2014, Eric Garner foi estrangulado por um policial de Nova Iorque, já que estava, segundo os oficiais, “resistindo à prisão”. O grande crime de Garner? Vender cigarros individuais – o que naquela região é considerado ilegal. Ah, e ser negro. Isso é importante mencionar. Ele sufocou por cerca de 15 segundos enquanto dizia “eu não consigo respirar”. Ele disse isso onze vezes, mas só o soltaram quando estava inconsciente, morto. Tudo está em vídeo e é difícil ainda de engolir.
Escrevi este poema em 2015 durante uma disciplina de criação literária. Hoje, em 2019, presto novamente minhas homenagens a Eric Garner e todas às vítimas de um sistema policial homicida e opressor. Este é antes um poema triste do que de resistência:

O céu, infinito, claro, azul.
Uma vida, a existência
de um homem pobre e negro.
Uns cigarros, fumos
enrolados, à venda.
E os impostos obrigatórios?
Quatro porcos, ratos
imbecis – ao redor.
O oxigênio, símbolo O,
número atômico 8, massa atômica 16.
A asfixia, o estrangulamento, pela
gravata, aperto.
Onze vezes ouve-se:
“Eu não consigo respirar”.
A justiça é surda.
A morte, o sofrimento,
a ausência, o óbito, fim.
Na calçada, finita, dura e quente,
agora sempre estará.



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