Coluna Segunda via
Fotografia
Por Victor Leandro
As tardes escurecem, os espaços estão sombrios. Esquinas que antes gritavam silenciam. Os que trafegam buscam apenas se esconder. Nenhuma voz, nenhuma palavra que possa quebrar a atmosfera lúgubre que predomina; nas calçadas, espera-se. Não há noite que dure para sempre, é o que creem.
Dentro das casas, nada além de corpos que se arrastam em falsas nuvens, em paraísos menos que artificiais, dígitos somente. Uma incomunicabilidade é oculta por uma falsa arte e litanias da indústria. Nos pequenos colóquios, os meninos travestem seu vazio com referências manualescas, mas sem poder ir além. Não há nada que possam dizer afora aquilo que exaustivamente já foi repetido.
De uma janela acesa, há ainda quem levante uma voz de ímpeto, um impulso breve de criação.
Contudo, esta já não encontra mais ouvidos. Sim, a noite passará, por certo. Mas o que restará dela talvez não seja mais o bastante. É preciso muito mais do que citações para fazer movimentar o mundo. Porém não o sabemos, e dessa forma seguimos tranquilos para o limbo, ao som de trilhas sonoras da Disney e a passos de zombie.
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