Coluna Segunda Via
A República dos farsantes
Por Victor Leandro
Muitos duvidam da autoajuda, mas poucos desconfiam dos acadêmicos e dos eruditos. Em tempos mais recentes, despontaram por aqui alguns sábios da nova era, que prometiam dar a resposta para os mais profundos dilemas sócio-existenciais da nação. Rapidamente, foram alçados a baluartes da alta cultura high tech pop, recebendo fortunas para palestrarem e dividirem com os pobres humanos a sua suma sapiência.
Mas o país atribulou e as coisas andaram mal. De repente, Karnal, Pondé, Cortella, Clóvis e outras figuras se viram em meio a um cenário de forte turbulência. Os eventos passaram a exigir respostas mais enérgicas e que escapassem às interpretações rasas e aos clichês da média. Formou-se, portanto, uma era propícia à emergência do intelectual, no sentido Dreyfusiano do termo.
Mas, para onde foram os nossos baluartes? Imediatamente, procuraram um lugar seguro para fugir da tempestade. Protegidos por sua aura nada luminosa de especialistas distantes, eles se refugiaram em uma fraseologia estéril e insossa, incapaz de dar qualquer resposta significativa aos nosso problemas. Como bons mercadores, empenharam-se em não antipatizar com seu público, fornecendo a eles apenas um leve entretenimento narcísico-intelectual para seus fins de semana, sem nenhum compromisso com a realidade efetiva.
No capital, tudo é mercadoria, e isso inclui o saber e a ciência. Ou desconfiamos do que ele oferece, ou caímos na esparrela do argumento de autoridade e do prosaísmo. O pensador autêntica não pode ser encontrado na indústria cultural, salvo quando está ali para implodi-la. Contra isso, nossa atitude precisa ir além da tão falada advertência platônica, de modo que não somente os poetas, mas também os filósofos oficiais precisam passar pelo escrutínio da cidade justa. Nada melhor para essa impostura do que uma nietzscheana antifilosofia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário