segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Para onde vai a social-democracia ou a flâmula inanimada, por Victor Leandro

Coluna Segunda Via

Para onde vai a social-democracia ou a flâmula inanimada
Por Victor Leandro

Pânico em Brasília. Em frente ao STF, um grupo de senhoras e senhores aposentados – ou quase- foge da violência da polícia. O gás de pimenta queima os olhos dos manifestantes que ameaçavam invadir o Supremo e que, estupefatos, escapam à belicosidade que imaginavam ser destinada tão somente aos seus algozes vermelhos.
Dias depois, na reedição do Rock in Rio, o chefe do desgoverno recebe a tradicional irreverência do público rebelde. No entanto, à frente no palco, encontra-se um dos baluartes internéticos da boa social-democracia, que, de imediato, suspende os gritos da plateia em fúria, pedindo para semear o amor.
Ambos os eventos seriam irrisórios, se não fossem sintomáticos da anemia em que se encontra a esquerda brasileira. Sem disposição para práticas radicais e acorrentada ao pacifismo estéril de seu bom-mocismo, ela se contenta em travar discussões tímidas e – pasmem – puramente republicanas. Nada mais de jovens na rua atacando a ordem burguesa e exigindo mudança, nem da destruição criadora que anula o velho e abre caminho para o novo. Apenas uma pálida voz sem rumo e permeada da assepsia moralizante de suas ordeiras soluções.
Para completar, ainda atravessa a vergonha de ver a direita, com sua inabilidade e insipiência política, assumir a face do radicalismo contra a supremacia do Estado.
A questão que se apresenta, dessa forma, é muito simples. Ou a bandeira da esquerda é agitada como se deve, ou é melhor que se recolha. Não é possível chegar a lugar algum com a serenidade dos bons democratas. Somente a via radical suprime a opressão radicalizada. Mais spray de pimenta na cara, menos Tico Santa-Cruz.

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