Coluna Segunda Via
A revolução contra o tédio
Por Victor Leandro
O tédio não se vence, contra ele perde-se, constantemente. Num momento, as horas nos atravessam como flechas ligeiras, para no seguinte simplesmente cravarem-se em nós, estilhaçando nossa ilusão de uma existência autêntica. Atordoados, torcemos pelo sono, essa porta fugaz de libertação. No entanto, ele escapa e zomba de nós com uma risada no escuro.
Há quem diga que o tédio é uma força propulsora, pois nos leva agir no sentido oposto a sua ação. Isto é um erro. Se ainda conseguimos fazer algo, é porque nos resta algum ânimo. Do contrário, de nada vale nos oferecer o que quer que seja, posto que sempre se nos afigurará como mais uma repetição insuportável do mesmo.
Mas há ainda uma rota salvadora, que é a luta revolucionária. Perante ela, não há como produzir fastio, pois nossas satisfações pessoais estão subsumidas por algo que nos é maior e que nos abarca, que nos envolve num todo, e nos lança na tarefa contínua de produzir o novo que é a sociedade do comum. Desse modo, encontramos nessa possibilidade de lume a solução para os dias sombrios.
Mas, e se alcançarmos o objetivo, se construirmos a sociedade que queremos, o que nos restará a fazer? Eis uma pergunta pertinente para a dialética do sujeito e do coletivo, e que provoca, não raro, uma forte paralisia inconsciente, que nos submete à inação.
De qualquer forma, não convém pensar nisso hoje. Ainda chegará a hora oportuna. Lutemos agora e conquistemos o dia. Já é uma grande vitória para quem é atacado pelo tempo a todo instante.
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