Coluna Segunda Via
No fundo, as aparências
Por Victor Leandro
Eles parecem burgueses, e são. Hipters falsos-imoralistas, anêmicos e autocráticos, assumem o progressismo para se sentirem seres à parte no mundo, quando mal sabem que a superestrutura tem um lugar reservado para sua revolução inócua. Sua política é a do conformismo. Precisa mudar, mas não é possível, logo, o que importa é fazer um meme. Chamam a todos os reacionários de superficiais, mas politicamente não passam da leitura de um conjunto de lemas e frases feitas. Fogem dos textos densos como os fascistas da democracia.
Se alguém lhes diz algo, recolhem-se imediatamente ao subjetivismo. É seu direito pensar assim. Questionar a si é uma ideia proibida, pois, na cartilha que seguem, curiosamente próxima à dos liberais, seus direitos individuais quase irrestritos não podem ser cerceados sob nenhuma circunstância. Desse modo, confundem crítica com polícia, e com essas compreensões seguem tranquilos em seu percurso de incomunicabilidade.
Sim, eles amam as artes e a cultura, mas essas precisam diferenciá-los dos outros. Portanto, é necessário que escolham um nicho, de preferência o mais desconhecido, em que consigam ancorar sua pretensa singularidade. Têm fruições estéticas, porém não as compartilham, como quem guarda dinheiro no banco ou procura ocultar um segredo de ouro.
Se há alguma contribuição a ser dada por tais indivíduos, é a de fazer lembrar das armadilhas da contracultura pós-moderna. Não se escapa à ideologia apenas recusando-se as visões da indústria. Antes, é preciso atentar contra ela em suas estruturas. Só assim seremos uma autêntica ameaça à ordem dominante, e não apenas uma curiosidade em seu acervo de imagens pitorescas.
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