Pensamentos privados, narcisismos públicos
Por Victor Leandro
Isto - política - e aquilo - religião não se discutem. Nossos afetos também não. São matéria apenas para fofocas. Nada que implique sua conversão em problemas universais, em formas coletivizáveis da experiência humana. o que é nosso é nosso. Essa é a forma como guardamos nossos ressentimentos.
E o que resta, então, para ser dado a conhecer aos outros?
Numa curiosa inversão, tudo o que compartilhamos é o inútil. Fotografias de comida, de viagens, de visitas a lugares que não interessam a ninguém, da maquiagem, da academia, do eu no espelho. E assim nos arrastamos de mediocridade em mediocridade, do nada ao nada, do abismo ao silêncio.
Por quanto tempo a humanidade suportará sua própria repressão, não se sabe dizer. Ou quem sabe não o diz. Tudo que importa é oculto na ilusão de nossas aparências. Num mundo de falácias arrogantes, vence quem mais quieto desmorona por dentro.
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