Coluna Segunda Via
Onde está a juventude?
Por Victor Leandro
Nas ruas não aparece mais do que silêncio. Os carros passam cheios de rostos antigos. Os muros e vitrines permanecem no lugar. Enquanto isso, nos bares, há luzes semiapagadas, e vitrolas tocando os ritmos de ontem. O sexo é um delírio comportado. O casamento voltou à moda, e a rebeldia é assuntos para manuais de história.
Em todos os lugares, há jovens, mas não existe mais juventude. Apenas pálidos simulacros a transitar ausentes de sua própria sombra. Uma lobotomia geral é aplicada com agulhas de séries de TV. Os idiotas riem e não sabem qual o assunto. Tudo é referência, tudo é nostalgia do que foi sentido, mas não pelos mais novos. A estes, resta guardar os mausoléus.
As garotas e os garotos têm tempo, mas não têm caminho.
Fica-se, assim, a esperar pelo amanhã. Mas o amanhã não virá, pois ninguém pode mais trazê-lo. Já amamos os loucos. Agora só se adoram os fingimentos vintage. Dionísio repousa. Apolo triunfa. A luz se apaga. São dez da noite, é hora de dormir.
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