segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A laicidade contra a era das trevas, Por Victor Leandro

Coluna Segunda Via

A laicidade contra a era das trevas
Por Victor Leandro

Está mais do que claro, a religião - não em si mesma, mas na forma institucional de seus agentes mandatários e respectivos interesses políticos - compõe o elo articulador do fascismo ascendente no país. É através dela que o ideário deletério das iniciativas progressistas encontra seu ponto de difusivo, para o qual restam poucas defesas. Protegidos que estão pelo discurso democrático, os grupos extremistas avançam e disseminam a destruição dessa mesma democracia, sob o olhar atônito dos opositores que não encontram meios de resistir.

Para além do cálculo eleitoral, do qual os grandes partidos são devotos e que os paralisa frequentemente, o grande erro está em crer que o combate a esse tipo de manifestação e sua introjeção na ordem das instituições é incompatível com a liberdade de credo. Sem dúvida, o debate não é nada simples, mas está longe de ser impossível, sendo necessário para que se o realize atentarmos para os princípios fundadores da sociedade ora em vigor.

É a laicidade, e as consequências de suas proposições, o princípio a ser retomado. Este, em suas linhas fundamentais, assevera que o espaço público é o da neutralidade religiosa. Logo, independente das diversas subjetividades, é tão somente a razão objetiva que deve reger cada uma das decisões da nação. Fora disso, cada tentativa de sectarizá-lo em nome da fé deve ser imediatamente rechaçada, no que se garante o lugar da igualdade e do bloqueio das decisões obscurantistas.

O líder do desgoverno diz, “o Estado é laico, mas eu sou cristão”. Para os que estão nessa perspectiva, é preciso que digamos, “sim, você é cristão, mas o Estado é laico”. Os pactos nacionais firmados estão acima de quaisquer indivíduos, bem como a vontade geral está além da vontade da maioria. Lutemos por isso, e salvaguardaremos o direito ao credo dos indivíduos, ao tempo em que a lei e a razão podem seguir por um caminho comum. Mais uma vez, assim como na idade média, é somente através da crítica sem medo que poderemos marchar contra as trevas.

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