Parasita
por Victor Leandro
A ascensão do filme de Bong Joon-Ho no Oscar, a vitrine iluminada da indústria, causou uma forte comoção nos meios ativistas culturais. Para muitos, o gesto da academia foi encarado como uma mudança de paradigmas, uma Tomada da Bastilha cinematográfica que permitiu enfim colocar as produções periféricas no centro da indústria mundial. O início de uma nova era.
No entanto, o que parece ser uma vitória com legendas está mais para um tímido êxito em notas de rodapé. Muito pouco ou quase nada deve mudar com isso. Num olhar mais atento, só um ponto teve alterações expressivas, que é o modus operandi do sistema de dominação praticado pelas elites hollywoodianas.
Se antes a regra exclusiva era o remake em inglês, agora, está inaugurada a lógica da incorporação, que premia destacadamente os trabalhos estrangeiros e os torna parte de seu espetáculo. Dessa maneira, tanto o politicamente correto quanto os sectários veem-se satisfeitos, pois a produção vencedora passa a ser daí por diante legitimada e convertida aos parâmetros de suas instituições, ao passo que lança sobre o mundo um descarado autoelogio em termos de humildade, senso estético e benevolência.
“Se não pode vencê-los, junte-se a eles”, diz o ditado, ainda repetido pelos mais antigos. Porém, a sua figuração contemporânea é “se não pode vencê-los, aproprie-se deles”. O parasitismo burguês segue mais forte do que nunca. Na verdade, este é só um outro nome para capitalismo.
Que textão!!! Parabéns, Victão!!! Admiro sua intelectualidade e senso crítico... por mais Victor Leandro no Brasil.
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