terça-feira, 20 de agosto de 2019

O intelectual e sua missão, por Victor Leandro

Coluna Segunda Via

O intelectual e sua missão
Por Victor Leandro

Há muralhas que só se derrubam com dinamite.

Mas quem poderá inventá-la, se todos estiverem nas ruas espatifando seus corpos contra os muros? Certo que a ação, ainda que estéril, é muito mais impactante e atrativa que o exercício do pensamento. Também é um ótimo álibi contra a acusação de inércia. Mas, para a transformação real, sozinha ela nunca será suficiente.

Quando as massas se arremessam de modo inconsequente em empreitadas vazias, trata-se de um evento perfeitamente natural e compreensível. Essa é sua tarefa, manter aceso, por vias materiais disruptivas, o ímpeto de mudança. Porém, o trabalho do intelectual é de outra ordem. Suas obrigações consistem em produzir horizontes teóricos para a práxis efetivamente transformadora. Para tanto, um certo isolamento não alienante e uma reflexão prolongada são imprescindíveis. Pouco interessa se passará vinte anos trancado em um gabinete. O que importa é que não saia dele com as mãos vazias.

Não se deve pensar, com isso, que o intelectual é um indivíduo destacado e digno de privilégios. Trata-se apenas de mais um operário, com uma função social muito bem definida.

A clareza dessas proposições, até um astrólogo consegue entender. Isso é tão verdade que, enquanto a caravana progressista passava, um deles se empenhou em disseminar mentiras persuasivas, com resultados que agora se mostram evidentes.

Que o intelectual recupere o espaço ocupado por seus maus imitadores, isso é no presente a palavra de ordem para seu ofício. Somente assim será possível preparar os artefatos necessários para aniquilar as forças opressoras ora dominantes. O fascismo capitalista não se derruba sem que antes se vença a batalha das ideias.

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