FILOSOFIA
De Marx a Schopenhauer
Por Victor Leandro
A humanidade é uma causa perdida. A existência é uma
oscilação entre a angústia moderada e o desespero. Todo projeto está fadado a
naufragar. Ser feliz é ser o menos infeliz possível. A ausência de dor e a
nulidade são a única alegria possível. Somente eliminando o desejo pode-se
alcançar alguma satisfação.
Todas essas proposições são provavelmente verdadeiras, mas
não têm significado para os socialmente oprimidos. Como pode quem tem fome
ocupar-se de uma perturbação metafísica, quando está acossado pela premente
necessidade de sobreviver? Sem dúvida, não há pensamento acessível sobre o
estar no mundo para os explorados. O existencialismo é uma filosofia burguesa.
O marxismo costumeiramente é associado a uma ideia utópica
de sumo bem, mas esse raciocínio parece equivocado. O mais provável é que ele
seja a mais perversa das doutrinas, pois visa colocar o indivíduo diante da realidade
de que, para além da resolução de seus problemas materiais, não há qualquer
sentido na vida humana. Uma teoria violenta da aniquilação.
Nesse sentido, Marx talvez seja mesmo o mais perigoso dos
homens, pois é por meio dele que nos tornaremos todos aptos a imergir em
Schopenhauer.
Mas, por enquanto, este é ainda um horizonte distante.
Estamos seguros em nossas privações capitalistas. O desalento é privilégio dos
ricos. A pobreza e a miséria permanecem ainda como o inimigo a ser combatido.
Derrotemo-nas, e então tudo será visto com clareza. Somente nessa hora, é que
poderemos marchar decididos para a nadificação. O último precipício ainda é um
lugar distante.
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