sábado, 10 de agosto de 2019

Marcos Frederico, o novo imortal da cadeira 30


LITERATURA


Marcos Frederico, o novo imortal da cadeira 30
Por Breno Lacerda

  Em 08/07/2019, na Academia Amazonense de Letras, tomou posse da cadeira número 30, cujo patrono é Araripe Júnior, o Professor Doutor, e agora imortal, Marcos Frederico Krüger Aleixo. O acadêmico já havia sido eleito no final de abril em resposta ao edital 03/2017, na sucessão do escritor Armando Menezes. Conduzido ao Salão principal pelos acadêmicos Aldísio Figueiras e Max Carphentier, ao som de efusivos aplausos, teve assento de honra entre seus confrades. A sessão solene iniciou-se com o discurso do presidente da casa, Robério Braga, que teceu palavras gentis ao nobre homenageado. 

  O público estava composto de familiares, amigos de profissão, colegas de departamento, professores, ex-alunos, alunos e intelectuais. Apesar da plateia numerosa, a ausência de alguns convidados foi sentida. Pela estatura do intelectual no contexto manauara, por sua representatividade na área de letras e pela prole de profissionais que ajudou a partejar, os bancos vazios foram no mínimo uma deselegância com o mestre. Mas nada disso menoscabou a noite festiva de sua posse. 

  Ao subir na tribuna para pronunciar seu discurso, um fato humorado ocorreu ao imortal. A gravata borboleta que enfeitava seu traje a rigor desprendeu-se por um instante, a despertar risos respeitosos dos presentes. Visivelmente emocionado, proferiu um discurso numa linguagem clara e sensível, sem recorrer às formalidades estéreis da língua. Deu uma aula sobre o patrono da cadeira n° 30, Araripe Júnior. Ressaltou as qualidades de romancista e crítico literário do eminente cearense, sempre a lembrar de suas limitações ideológicas. Ao mencionar Armando Menezes, rememorou o legado deixado no convívio de seus pares, constituído a partir de afeto e conversas marcantes. 

  Entretanto, o mais impressionante para mim e aos demais presentes, foi à centralidade do seu discurso de posse, tão íntimo e ao mesmo tempo tão universal nos dias de hoje. Nesta parte, a melhor, sem dúvidas, colocou a leitura e o livro no cenáculo de sua formação intelectiva, numa espécie de poema contra as veleidades do mundo contemporâneo. Criticou as novas formas de distração, as quais afastam os indivíduos dos livros, levando-os a um alienamento. Uma alusão à Indústria cultural, uma máquina macabra criadora de aparvalhados, discussão feita pelos membros deste blog.

  Suas palavras ainda fizeram referência aos grandes nomes da Literatura brasileira. Citou de Machado de Assis a Guimarães Rosa, autores que o formaram dentro das letras nacionais. Não se esqueceu das obras produzidas no Estado do Amazonas, as quais incorporam o caudal de seus escritos. Principalmente a mitologia embrenhada na cultura cabocla da Amazônia. Mencionou, ainda, os escritores da revista Sirrose e do Bodozine, ressaltando que são grupos de resistência e rebeldia a todas as formalidades. Ao finalizar embargou as lágrimas prendendo-as na garganta, lembrou-se de seus pais, eternizados na memória do mestre amazonense. O discurso que se pretendia curto, estendeu-se a emocionar os convidados. 

  A recepção do acadêmico ficou a cargo do confrade Zemaria Pinto, ex-aluno e amigo do mestre, que exaltou suas qualidades mais insignes. Começou lembrando a dedicação do novo imortal à docência, o seu tratado delicado com seus alunos, a argúcia ao instruí-los e a paciência em orientá-los. Destacou também sua qualidade como escritor, preferencialmente no gênero ensaístico. De sua lavra destacam-se duas obras primordiais para os estudos da literatura produzida no Amazonas: Amazônia: mito e literatura (2003) fruto de sua tese de doutorado na PUC-RJ e referência obrigatória para os estudos de mitologia amazônica; A sensibilidade dos punhais, que lhe rendeu o prêmio L. Ruas da prefeitura de Manaus no ano de 2007, categoria de melhor ensaio na área de letras. Trabalho no qual o professor investiga a presença do mar na poesia escrita na Amazônia. 

  Finda as solenidades, a Academia Amazonense de Letras ofereceu um Buffet regado a vinho e quitutes a todos os convidados. Foi um momento de conversas, observações, apontamentos e também de registros fotográficos. O professor e acadêmico Marcos Frederico atendeu a todos, com sorriso cordial e uma saudação singela àqueles que lhe procuravam. 

  As observações transcritas aqui foram seletivas, sempre a procurar o registro dos momentos mais relevantes da noite. A todos aqueles que quiserem conhecer o trabalho do professor Marcos Frederico Kruger Aleixo, sugiro uma busca pelo seu nome no currículo Lattes e em periódicos nos quais ele publicou seus artigos, sem falar em seus livros presentes nas livrarias e sebos de Manaus. 

Salve, Mestre Frederico! 

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