domingo, 17 de novembro de 2019

Cigarro, de Vanessa Andrade

Poesia 
Cigarro

Um cigarro não significa mais um cigarro. Não estou romantizando o ato de fumar, mas só mais uma fumada nunca é mais uma fumada, ela está acompanhada de muitos mistérios. Tem algo querendo explodir, querendo sair, mas existe uma trava, nada sai, nada é revelado, nada é descrito como deveria ser. Aquele grito reprimido, aquele cigarro nunca fumado pra acalmar algum tipo de desordem, aquela carta nunca enviada, aquelas palavras descritas tão perfeitas, tão modeladas, tão simétricas nunca lidas, as vezes nunca escritas. 
O vazio...
O Vazio
O vazio
O vazio
O vácuo
O nada
O Completo nada
Tão cheio de vazio
O desespero
Aquela angustia. Aquela lá mesmo.
Aquelas folhas voando com o
vento, tão em paz, tão sutil, tão delicado, tão sensível, mas a brutalidade de quando uma pequena e frágil folha é arrancada do seu galho. 
No chão. Lá no chão ela vai fazer barulho.
Um nó. No estomago, na garganta, na linha, no sapato, nos dedos.
Uma dobra na folha. Virou a página, mas sabe que ainda vai voltar.

Autora: Vanessa Andrade

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