quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

CRÔNICA CARNAVALESCA FORA DE ÉPOCA, Por Mauricio Braga

Crônica

CRÔNICA CARNAVALESCA FORA DE ÉPOCA
Por Mauricio Braga

Olha para esquerda e para direita, bem como para frente e para trás. Está cercado. Anônimos como ele o cercam.  Está no meio de uma multidão. Tenta encontrar um rosto familiar, porém é inútil. Não conhece ninguém e ninguém o conhece. Sente-se então seguro no mar de gente. O anonimato é o esconderijo dos covardes, enquanto a exposição é o refúgio dos tolos. Quem o encontraria entre tantas pessoas? Como ele se encontraria? Eis o motivo do carnaval ser tão libertador: a massa nos torna invisível. Nos torna só mais um folião entre milhares. Creio até que mesmo os indivíduos que se cobrem de brilho não buscam chamar atenção para si.  Buscam, pelo contrário, serem incorporados ao ambiente, como mais um ornamento que se harmoniza com o todo.

Ao pensar isso, fechei a janela, desci a escada e me juntei ao bloco.

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