sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Sobre o cotidiano (por Fernando Monteiro)

Crônica

Sobre o cotidiano
Por: Fernando Monteiro

O acordar, o ouvir e o sentir a vida no urbano é uma experiência que manifesta várias sensações.

Do latir do cão ao barulho da briga dos gatos, dos vizinhos falando alto na rua ao som da vizinha cantando alto a sua canção gospel, tudo manifesta uma forma de viver a vida que só urbano possui em meio a tantos impasses da vida cotidiana.

Deus me livre de viver uma vida fantasiosa preso num condomínio horizontal ou vertical, na ilusão do distanciamento do que a cidade tem a me oferecer. Mas também não culpo os que optam a viver nos limites de seus muros. Afinal, como sempre ouço de um querido professor, "a cidade é tudo que possuímos de bom e de ruim". 

Sempre amei o chamado ‘bairrão’, é onde a vida acontece em sua forma concreta na realidade, não deixando escapar os mínimos detalhes do dia a dia no viver dos que compõem os seus espaços. É onde criamos e nos apropriamos não só das mazelas, mas como também das benfeitorias dos espaços que estamos a construir e viver dentro das cidades.  

É no cotidiano que produzimos o lugar em que homens simples como nós dispõem da possibilidade de produzir e reproduzir seus modos de viver. E que, mesmo diante da burocratização da vida, como o projeto de vida que o mundo moderno nos apresenta, o cotidiano guarda em si a possibilidade de descobrir as coisas, desvendar ações e experiências de vida que vão além dos impasses que nos assolam.

4 comentários:

  1. Gostei muito vc tem talento para escrita e de fácil entendimento. O que descreve sobre o cotidiano dentro de sua ótica é pura realidade o assunto é vastíssimo. Acrescentaria apenas no segundo parágrafo a questão do interesse exacerbado pela vida "privada" de seus vizinhos onde seus olhares funcionam melhor que uma câmera dando definição 24hrs da vida alheia ,uma verdadeira fonte de informacao e zero ética. Amei seu texto.

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    1. Obrigado por suas palavras, minha querida Antônia Miranda. Essas características são únicas e fazem total diferença hehehe. Um grande abraço!

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  2. Fernando é um geógrafo de fato. Quem é geógrafo não vê a vida, digo, o espaço, sem com ele se importar, analisar e porque não, viver!

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    1. Obrigado pela leitura e pelas palavras!!!
      Realmente, é muito difícil vivenciarmos a realidade social sem estarmos atento para o constante devir em que estamos inseridos hehehe. Um grande abraços!

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