As armadilhas da angústia
por Victor Leandro
De início, todos acharam que seria um período tranquilo. Não precisariam fazer nada além do que lhes é comum no fim de semana. Os livros, a internet e as séries estavam aí para dar auxílio. Será até divertido, foi o que pensaram, e é provável que nos primeiros dias tenha sido mesmo assim.
Mas logo a angústia se instaurou e, junto com ela, uma inquietação terrificante. É diferente estar confinado quando não se pode sair. Pior ainda com o mundo desabando lá fora. Os limites das paredes da casa perturbam. As vozes dos nossos próximos já não soam tão agradáveis como antes.
Nesse instante, é que começamos a ceder a pensamos difusos e saídas irracionalistas. O vírus não pode ser tão ruim. Talvez valha-nos mais retornamos ao trabalho, basta termos cuidado. A vida não pode parar por conta disso. E a economia? Se o mundo estagnar, como ficarão os que não têm emprego? É mais correto irmos às ruas e nos sacrificarmos todos pelos que necessitam.
Porém, quando essas ideias surgem, é que precisamos nos recobrar um momento de razão. É o Estado que deve dar saídas para os mais afetados, e tem os meios para tanto. Nossa volta às ruas apenas prolongaria o caos. No mais, é necessário ouvir os cientistas. Sim, é difícil pensar dessa maneira agora, mas precisamos ponderar, contudo. Esse desespero é só a nossa ansiedade falando.
Para atravessar esse abismo com grandeza, o único ato heroico é seguir firmes e estáticos como estamos. A imobilidade é a nossa grande demonstração de força. Contra as ameaças nefastas dos perversos e nosso próprio medo, devemos prosseguir nesse ritmo lento. Em breve ficaremos muito melhor do que ora estamos.
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