No fundo da liberdade, a luta coletiva
por Victor Leandro
Foi Jean-Paul Sartre quem afirmou que, no auge da ocupação nazista na França, ele se sentira mais livre do que nunca. Não tinha mais o que temer nem nada além de si mesmo. A esse argumento, poderíamos acrescentar a frase de um ícone da indústria cultural, Frank Miller, que, ao relatar a queda da personagem Demolidor, considera que um homem sem esperança é um homem sem medo.
Pois agora vivemos um momento que evoca essas assertivas, e muitos de nós assim nos sentimos. Desobrigados de nossos compromissos diários, reduzidos a nossa ações essenciais, percebemos o quão sem importância podem ser os fatos de que nos ocupávamos antes. Libertos deles, olhamos apenas o que realmente importa, e isso nos torna maiores do que fomos, porque tudo que se expande com nossos gestos é o movimento de nossa liberdade desnuda.
Porém, não nos iludimos. Sabemos que não somos livres verdadeiramente, porque a humanidade não o é. Se podemos ficar protegidos em casa, se estamos em condições de limitarmos nossa margem de risco, é porque lá fora há milhões de outras pessoas que não se encontram em igual situação, e que seguem aprisionadas nas amarras das obrigações trazidas por um capitalismo propagador de miséria e impunemente destrutivo.
Assim, o que nossa liberdade nos revela em seu fundamento é a necessidade de reafirmarmos nosso compromisso coletivo. Somente desse modo ela poderá se tornar para nós plena e irrestrita, no que poderemos vivenciá-la com toda sua intensidade. Ser livre é lutar coletivamente. Fora disso, tudo o mais não passa da ilusão de um solipsismo frívolo.
"Ser livre é lutar coletivamente (...)". É o que precisamos!
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